9 de abr. de 2015

Esse tal eu fugitivo!


Existem momentos na vida em que você tem vontade de... nada. O coração está apertado, a alma confusa... a vida lá fora acontecendo, e você no meio da bagunça do seu refúgio e o pensamento longe... o seu interior tumultuado e você naquela inércia, esperando sabe-se lá o quê... o coração dói, a alma dói, o corpo dói, dói viver...
Conflitos, escolhas, arrependimentos, lembranças, recordações, uma lágrima cai...  silêncio e tão cheio de significados! Olhar profundo, distante, perdido, palavras, saudade... o tempo para, a música para, a vida para... e a dor? A dor aumenta, sufoca... sentimentos que nos fazem parar e prestar atenção em por que razão existimos. Então é como diz o pensador/filósofo: “Penso, logo existo.” Nãooooo!!!! Penso, logo entro em crise! Afinal, quem nunca se sentiu inseguro, angustiado com os mistérios da mente humana? E o pior disso tudo é que não tem hora, nem lugar, nem razão específica para começar. Aliás, tudo pode ser motivo. Chega de mansinho e se apodera dos nossos sentimentos, pensamentos, corpo, alma e coração. A sensação que temos é de que até o momento vivemos uma ilusão. Ops... e de repente você cai na realidade, e aí... E aí? Bom, aí parece que sua vida não passa de uma página em branco... A sensação que se tem é que, embora tenha conquistado muitas coisas, aquilo não tem a menor relevância, importância... e então? Estão você chora... Chora porque procura respostas para as milhares de perguntas e, creiam, não encontra respostas.
Fala-se, então, em buscar respostas na sua essência, no seu eu... ops, mas cadê meu eu? Como buscar respostas nele se ele fugiu de mim? Ouve-se que quando buscarmos respostas sobre o significado e o propósito da vida, assim também como o nosso lugar nela, começaremos a trilhar o caminho certo, e também a fornecer satisfação ao nosso psique e teremos assim, uma direção e uma paz mental. Do contrário, quando nos encontramos contemplando a vida, sem saber que realização ilusória estamos procurando, as coisas ficam mentalmente caóticas. E então, novamente atacam as milhares de perguntas... Por que existimos? Pergunta um tanto incômoda. Porém, há de se admitir que são questionamentos essenciais, pois nestes momentos de questionamentos e reflexões algumas verdades vêm à tona, auxiliando-nos no resgaste do nosso eu fugitivo.
Então, basta ter um propósito, uma determinação que voltaremos a ter paz? Ledo engano! Há muito mais entre o céu e a terra do que pressupõe vossa vã filosofia. Talvez, este turbilhão de sentimentos seja um diálogo interno, uma autocrítica... é, talvez. Contornar e sair de tudo isso exige paciência e tempo... e um cuidado, e um abraço, e um olhar, e um  carinho... Assim, esta que vos escreve, acredita que este turbilhão de sentimentos e essas milhares de perguntas contribuem na tarefa de nos melhorarmos constantemente e que talvez, sem tudo isso, nenhuma mudança é possível. Então, bora lá resgatar o eu fugitivo! Tentar pelo menos.

                                                     Rosane Favaretto Lazzarin – 08/04/2015

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