9 de jan. de 2012

Um lugar, uma saudade e muitas lembranças...


     O céu com poucas nuvens, porém o suficiente para ficar observando que forma ela tem, que bicho parecia, assim como fazíamos quando criança. O pé de guabijú cresceu. E nele já se pode pendurar um balanço que faz a alegria de uma netinha ou uma rede, que faz a alegria dela e também dos filhos. Ah e sem contar que faz uma sombra maravilhosa, onde os pássaros pousam e entoam lindas canções, e a família se reúne para tomar um chimarrão ou até mesmo conversar... e junto a tudo isso, deitada aqui nesta rede, muitas recordações...
      Explico-lhes: hoje estou na casa de meu irmão, que já foi minha, de minha mãe... um lugar lindo, calmo, bem cuidado e cheio, cheio de maravilhosas recordações. Foi neste lugar que cresci, que vivi, que me fez ser gente grande...
      Lugar com cheiro de mãe, com jeito de mãe... e se com cheiro e jeito de mãe, então, um lugar que também cheira a amor, e muita, muita saudade. Pois é, saudade dela que se foi, mas que deixou muitos ensinamentos, que deixou muitos exemplos. E é por tudo isso que hoje também é um dia nostálgico.
      Nostálgico porque ao deitar na rede a sombra destas árvores, lembro-me do quando foi bom ser criança neste lugar. Lembro-me do bolo de amendoim... e ao lembrar dele, parece que o cheiro já está toma conta das narinas, chegando a dar água na boca, aumentando ainda mais a saudade. E por falar em água na boca, a mesma sensação temos ao lembrarmos-nos das comidas, que delícia! Todas saborosas! Hoje nos perguntamos que tempero era aquele e constatamos que era o mais nobre de todos: o amor. Lembro-me do sorriso e os braços abertos para receber a todos com muito carinho. Lembro-me de sua voz dizendo: que bom que vocês vieram, e esta soa como música aos meus ouvidos... São tantas lembranças que estas parecem querer saltar sei lá de onde e invadir novamente este tempo... e tornarem-se realidade novamente, de tão fortes que são, e tamanha é a saudade sentida....
      São tantas recordações que chegam até fugirem da memória momentaneamente para que eu não as prenda no papel, pois parecem querer ficarem livres por aí, para em outro momento, como este, retornarem a nossa memória, para que recordemos tudo que passamos juntas, e não as esqueçamos... Não se preocupe, jamais esqueceremos, por mais que o tempo passe...
      Somente o tempo pode acomodar esta saudade, sim acomodar e não fazer esquecer quando uma mãe vai embora para viver sei lá onde, sei lá com quem, e sei lá por quê... Esse mesmo tempo que é injusto por tirar o que amamos passa a ser justo quando recordamos dos bons momentos que nos permitiu viver junto a estas pessoas que são parte da gente... parte do sangue, parte da carne, parte das alegrias, parte das tristezas, parte dos projetos, parte dos sonhos, parte da vida... enfim, parte do ser!
      Ser... como ser? Por que ser? Para que ser? Ser por quem? Por eles, pai e mãe? Por eles, os irmãos? Por eles, a família? Ou por mim mesma? Muitas perguntas, não é mesmo? Pois é, assim é a vida, cheia de perguntas, e nós, sempre em busca das respostas... Acredito que somos resultado daquilo que pensamos, daquilo que acreditamos, que veio de parte daquilo que eles, nossos pais nos ensinaram, somado àquilo que achamos ser o melhor para a construção do nosso ser, do nosso eu!
      Agora, digo-lhes: esta que vos escreve, com certeza, é a soma daquilo que recebeu, com aquilo que acredita e mais aquilo que sonha... e que hoje, remexendo no baú de lembranças, recordou daquela que foi e sempre será a essência da minha vida: minha mãe... E neste momento, como diz a poetisa: se me derem licença, vou buscar meus livros de chorar, pois a saudade não cabe nestas linhas mal traçadas...
Por: Rosane Favaretto Lazzarin – 08/01/2012

Um comentário:

Anônimo disse...

muito lindo seu texto, remete-nos a infância riquíssima que tivemos!Saudades da infância mas principalmente da tia querida! Keila